sexta-feira, 4 de junho de 2010

Os Mutantes - 1968.

Os Mutantes - 1968.
Os Mutantes é o álbum de estréia da banda brasileira de tropicalismo homônima. Foi lançado em LP em 1968, e reeditado em CD em 1992, sendo lançado nos EUA pela Omplatten Records. Os Mutantes são uma banda brasileira de rock psicodélico formada durante o Tropicalismo no ano de 1966, em São Paulo, por Arnaldo Baptista (baixo, teclado, vocais), Rita Lee (vocais) e Sérgio Dias (guitarra, baixo, vocais). Também participaram do grupo Liminha (baixista) e Dinho Leme (bateria). A banda é considerada um dos principais grupos do rock brasileiro. Além do inovador uso de feedback, distorção e truques de estúdio de todos os tipos, os Mutantes foram os pioneiros na mescla do rock and roll com elementos musicais e temáticos brasileiros. Outra característica do grupo era a irreverência. Se antes dos Mutantes, o gênero no Brasil era basicamente imitativo, a partir do pioneirismo de Arnaldo, Sérgio e Rita, abriu-se o caminho do hibridismo. Os Mutantes iniciou suas atividades em 1966, como um trio, quando se apresentaram em um programa da TV Record, até terminar em 1978 com apenas Sérgio Dias como integrante original. Ao longo destes doze anos, foram gravados nove álbuns - sendo que dois deles, O A e o Z e Tecnicolor, foram lançados apenas na década de 1990. Foi nessa década que foi reconhecida no cenário do rock nacional e internacional a importância dos Mutantes como um dos grupos mais criativos, dinâmicos, radicais e talentosos da era psicodélica e da história da música brasileira e mundial. Em 1964, os irmãos Arnaldo Baptista e Cláudio César Dias Baptista, juntamente com Raphael Vilardi e Roberto Loyola, fundaram o grupo The Wooden Faces. Um ano depois, conheceram e convidaram Rita Lee - então no Teenage Singers - a integrar a banda. Ainda entraria no grupo Sérgio, o caçula na família Baptista. A nova banda passou a se chamar Six Sided Rockers, depois O Conjunto e O´Seis. Em 1966, eles gravaram compacto simples pela Continental com as composições "Suicida" (de Raphael e Roberto) e "Apocalipse" (de Raphael e Rita), que vendeu menos de duzentas cópias. Ainda naquele ano, Cláudio César, Raphael e Roberto deixariam o grupo. Arnaldo, Rita e Sérgio mantiveram o grupo, que foi rebatizado com o nome definitivo de Os Mutantes - por sugestão de Ronnie Von, que, naquela ocasião, lia O Império dos Mutantes, ficção científica de Stefan Wul. Von, uma das estrelas da Jovem Guarda, comandava então o programa dominical O Pequeno Mundo de Ronnie Von, transmitido pela TV Record, e não havia gostado do nome anterior. Em 15 de outubro de 1966, Os Mutantes estrearam no programa. Impressionaram tanto que o grupo foi convidado a fazer parte do elenco fixo do programa. Eles também participaram das gravações do LP Ronnie Von - nº 3. No início de 1967, mudanças na direção artística do programa reduziram paulatinamente as apresentações dos Mutantes. Por discordar das novas diretrizes, eles deixaram a Record, já que também havia a possibilidade de realizar apresentações em outras emissoras. À convite do maestro Chiquinho de Moraes, da Rede Bandeirantes, Os Mutantes exibiram-se no programa "Quadrado e Redondo", apresentado por Sérgio Galvão. Nessa época, conheceram outro maestro, Rogério Duprat, que teria papel decisivo na história do trio. Apadrinhados por Duprat, Os Mutantes começaram a participar dos grandes festivais de música popular brasileira, que viviam sua fase áurea. O maestro sugeriu a Gilberto Gil que convocasse o grupo como banda de apoio para gravar "Bom Dia", que seria cantada por Nana Caymmi e inscrita no III Festival da Música Popular Brasileira, da TV Record. Outra gravação de Gil classificada para o Festival era "Domingo no Parque". Apesar de nenhum de seus integrantes ler cifras e partituras musicais e conhecer a complexidade harmônica dos arranjos elaborados por Gil e Duprat, Os Mutantes se saíra muito bem nos ensaios e acabaram participando da gravação de ambas. "Domingo no Parque" ganhou o segundo lugar e aproximou os Mutantes do movimento tropicalista. Em 1968, o trio assinou um contrato com a Polydor, graças a uma indicação do produtor Manoel Barenbein. Assim, foi lançando Os Mutantes, primeiro disco da banda. Com arranjos de Duprat e participação especial de Jorge Ben, o LP foi bastante inovador e experimental, além de muito influenciado pelo trabalho dos Beatles. Algumas das faixas que se destacaram são "Senhor F…" (que contou com participação da mãe dos irmãos Baptista, que tocou piano), "Panis et Circenses" (canção composta por Caetano Veloso e Gilberto Gil especialmente para os Mutantes) e "Trem Fantasma" (parceria entre os Mutantes e Caetano Veloso, que foi composta na casa do produtor Guilherme Araújo). Também naquele ano, a banda participou ao lado de vários artistas de Tropicália: ou Panis et Circencis, disco-manifesto do movimento tropicalista, gravando a faixa-título do LP. Ainda naquele ano, o grupo participou em duas sequências - filmadas na boate Ponto de Encontro - de As Amorosas, filme do diretor brasileiro Walter Hugo Khouri, estrelado por Paulo José, Lilian Lemmertz e Anecy Rocha. Em setembro, ainda participaram do III Festival Internacional da Canção, da TV Globo, defendendo "Caminhante Noturno" (de Arnaldo, Sérgio e Rita), que acabou classificada em sétimo lugar. Mas o episódio mais emblemático daquele festival foi a apresentação de Caetano acompanhado dos Mutantes como banda de apoio. Na final paulista do FIC, realizada no Teatro da Universidade Católica de São Paulo, eles executaram "É Proibido Proibir". A canção de Caetano foi recebida sob intensas vaias pelo platéia que lotava o auditório. Mal os Mutantes começaram a tocar a introdução, espectadores enfurecidos atirava ovos, tomates e pedaços de madeira contra o palco e deram as costas para a apresentação. Imediatamente, os Mutantes responderam, sem parar de tocar: viraram as costas para a platéia. Revoltado com a recepção, Caetano fez um longo e inflamado discurso que quase não se podia ouvir, por causa do barulho dentro do auditório. No final daquele ano, os Mutantes estiveram no IV Festival da Música Popular Brasileira, defendendo "Dom Quixote" e "2001", esta última uma parceria de Rita Lee com Tom Zé.


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